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quinta-feira, 12 de junho de 2014

Panquecas e Mamilos

Prólogo

Quando dei por mim estava sentado no chão e encostado em minha cama. Meus pensamentos vagavam longe enquanto eu fitava a parede branca sob a janela a minha frente sem realmente enxergá-la.
Contemplava no interior da minha cabeça uma gama enorme de prováveis diferentes futuros que poderiam resultar da minha decisão naquela ocasião.
E por que é que eu estava pensando tanto em algo tão incerto?
Havia uma princesa em minha cama que oscilava entre acordada e dormindo.
...Ok. Talvez ela estivesse mais dormindo que acordada. Mas volta e meia ela olhava pra mim e falava alguma coisa.
Confesso que em meio a tantos pensamentos não conseguirei lembrar exatamente o que ela dizia, mas tenho a ligeira impressão de que era algo a respeito de como eu estava sério e pensativo.
E como poderia não estar?
Eu não fazia a menor ideia do que fazer com o que estava sentindo por ela. Ainda mais quando somado ao fato de morarmos tão longe.

Lembrando disso agora, acho irônico o fato de eu, uma pessoa sempre tão racional e calculista, ter simplesmente deixado pra lá todas as possibilidades que estava ponderando até então e me deixado levar pelo impulso emocional.

- Haha! É o efeito da Lua em Marte. - diria ela mais tarde acrescentando uma boa dose de risos e provocações. - Você não conseguiu resistir ao meu charme!

NÃO! NÃO CONSEGUI MESMO, OK?! E não me arrependo nem por um momento disso.
Mas na ocasião eu simplesmente tive que me contentar em ir dormir sem saber o que fazer...

Capítulo 1: O Dia Seguinte

Eu não vou ser nenhum pouco direto. Não vou contar logo de uma vez o que aconteceu no dia seguinte.
Digo que apesar de termos dormido na mesma cama por algumas horas durante algumas noites nada aconteceu além de dormir.
...Bem, não exatamente.
Em toda sua fofura majestosa enquanto dormia a garota em questão acabava se aproximando de mim e se aconchegando confortavelmente de forma a me espremer contra a parede.
...E assim me obrigava a pular sobre ela para ocupar o lado da cama que ela havia deixado vazio.
Isso apenas para mais uma vez ela começar a se mover e então, mais uma vez se aconchegar de forma a me empurrar para fora da cama.
... O que me obrigava a mais uma vez passar por cima dela e ir para o outro lado.
Eis que nessas ocasiões volta e meia ela acordava e simplesmente não estava nem aí.
Eu não sabia ao certo se ficava lisonjeado com a confiança que ela estava me dando já que apesar de sermos amigos por tanto tempo ainda eramos solteiros e do sexo oposto. Se estranhava o fato dela não se incomodar comigo simplesmente passando por cima dela a cada vez que era pressionado em direção ao chão ou contra a parede. Ou se simplesmente acreditava que ela estava tirando um barato com a minha cara me empurrando de um lado para o outro.

...O mais provável é que fosse uma somatória das três coisas onde sua estranha falta de incomodo podia ter associação com uma estranha confiança na minha pessoa e resultado num processo onde inconscientemente ela se divertia me empurrando.

De qualquer maneira, nada disso muda a sensação que eu tinha a cada vez que ela se aconchegava em meus braços.
Seu rosto, mais calmo e menos sério do que quando acordada, me fazia querer protegê-la e mantê-la aninhada carinhosamente por quanto tempo fosse necessário. Pra sempre, talvez...
E as palavras que um dia ela havia me dito a respeito do quanto desejava apenas um pouquinho de paz ecoavam na minha cabeça.
Quando dei por mim... Eu queria muito dar isso para ela.

No outro dia, acordada, fomos passear em uma praça perto de minha casa.
Sem saber do potencial magnético que ela possuía e ainda possuí para atrair chuvas, acabamos sendo atingidos por uma.
Nos abrigamos temporariamente num restaurante próximo e eu só pude confirmar algo que já havia reparado.

...Como a natureza é injusta.
Enquanto eu acabei parecendo alguma espécie de labrador vira-lata, ela por sua vez só conseguiu ficar mais linda quando ensopada pela chuva.
E diferente do que provavelmente aconteceria com a maioria das garotas que existem por aí, ela não estava nem aí de estar molhada daquele jeito.
Na verdade até ria.

Não demorou pra eu perceber o quanto aquela garota dotada de uma tremenda capacidade de me tirar do sério, também parecia ter uma tremenda capacidade de me encantar.
E sem perceber como gradualmente isso ia ficando cada vez mais perigoso, eu simplesmente continuei ao lado dela até... O Dia Seguinte.

Ela estava preguiçosa na cama e relutante a se levantar e acabei deitando ao lado dela.
Eu realmente não lembro o que estávamos conversando, mas eu sei que acabei dizendo:

- Eu vou te beijar.

E eu nunca havia tido tanta certeza de que queria fazer isso.
Nunca fui de tomar a iniciativa, quanto mais declarar em alto e bom som o que pretendia e... Executar realmente o que pretendia!!!
Não foi um beijo longo. Na verdade foi bem rápido.
Eu não havia pensado muito e não sabia o que esperar. De fato uma parte de mim torcia para que ela também quisesse me beijar, mas... O resultado foi uma garota linda me encarando com olhos confusos que simplesmente me deixaram ainda mais perdido do que eu estava antes e sem graça.

...E minha imediata sensação foi de: "Oh fuck... Acho que fiz besteira".

Esta é minha namorada. Desde o princípio me enlouquecendo...

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