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terça-feira, 20 de maio de 2014

Iriahin - Príncipe de Taslon

Ouvindo: Symphonic Fantasies - Chrono Medley part 1/2 e 2/2

- Hahaha, veja só isto Aldel... - disse Iriahin com voz irônica enquanto lia uma carta e gesticulava teatralmente para enfatizar o que narrava. - "Não há momento do dia que não pense em você e sinto-me mais feliz a cada nova manhã. Meu amor cresce a cada segundo...". Aí vem um monte de blá-blá-blá... E... Aqui! "Anseio pelo dia em que fitarei mais uma vez o brilho de Taslon em seu olhar...". HÁ! Pois que vá sonhando!

O garoto amassou a carta, jogou para cima e com um chute a mandou para dentro da floresta.
Este era Iriahin, príncipe daquela conhecida como Taslon, a Cidade do Amanhecer, e filho de Anderaken. Um garoto que aparentava não ter mais que dezoito anos. Olhos escuros, castanhos no claro e eventualmente azulados em algumas ocasiões. Cabelos negros e sempre bagunçados apesar de todos os esforços que seus cuidadores reais sempre tiveram para com ele.
De fato, da realeza Iriahin só carregava o título, pois pela aparência e comportamento dificilmente seria tomado por príncipe.
O cabelo despenteado era apenas parte de seu visual. Tinha conjuntos de roupas velhas, sujas e rasgadas guardadas nos mais diversos cantos da cidade e do castelo, prontas para serem usadas sempre que escapava do castelo.
E não é preciso dizer que "escapar" do castelo era algo que fazia com certa frequência. Na verdade os tutores e soldados já não se incomodavam mais em persegui-lo como faziam quando era menor, mas ainda assim Iriahin preferia estas roupas do que as pomposas vestes da realeza.

- Não devia fazer pouco caso do amor da jovem Schell, Iriahin. - replicou Aldel, o amigo que estava sentado em um galho de árvore. - Ela parece sincera em suas palavras.

O garoto não poderia ser mais diferente e ao mesmo tempo não poderia ser mais parecido com o príncipe.
Para começar, apesar de fisionomicamente serem muito parecidos com humanos, nenhum dos dois eram.
Enquanto Iriahin pertencia a raça conhecida como Lumnus, Aldel pertencia aos Naithlyns.
E sendo um naithlyn, Aldel era um amante da liberdade e da arte... Pelo que ele entendia por arte.
Esta raça muito peculiar é dotada da capacidade de mudar de forma, abandonar a aparência humana e se transformar em uma espécie de gato de duas caudas.
...Coisa que os lumnus não podem fazer.
Além disso os naithlyns possuem em suas testas uma pequena jóia que realmente faz parte de seus corpos e varia de coloração e forma de acordo com o indivíduo.
Na forma de gatos seus pelos são da cor e padrões de seus cabelos, no caso de Aldel um tom roxo e espetado. Na forma humana o garoto aparenta ter cerca de quatorze anos, com os olhos e a gema em sua testa, ambos em um tom azul escuro.

- Amor?! Há mais amor nesta árvore em que você está que no coração de Schell, Aldel. - replicou Iriahin. - Ela nunca teria escrito esta carta.
- E como você sabe?
- A letra da assinatura era diferente! Provavelmente o pai contratou algum idiota pra escrever e ela foi obrigada a assinar.
- Se você diz... Mas é tua noiva de qualquer forma, não é? Será tua esposa... E não parece uma boa ideia que ela te odeie.
- Que me odeie até seu coração virar pedra! E isso acontecerá muito antes dela me ter como marido.

Aldel, que até então estava sossegadamente deitado em um galho e recostado no tronco da árvore, finalmente abriu os olhos e voltou sua atenção para o amigo.

- O que quer dizer? - perguntou, já prevendo o que viria a seguir.
- Bem... Eu não posso casar se não estiver aqui, não é mesmo?

Sim... Ele estava com aquele olhar...
E Aldel reconheceu no momento em que viu.
Os olhos brilhando por trás de pálpebras semi-cerradas e um meio sorriso no canto dos lábios. A expressão inconfundível que Iriahin tinha no rosto sempre que estava planejando aprontar alguma coisa.

- Ha! Vai fugir?!
- Fugir? - Iriahin fingiu indignação. - Não! Fugir é um termo muito forte para um problema tão pequeno. Vou partir em uma aventura!
- Sei. - Aldel sorriu. - Por que é que prevejo um rei furioso?
- Antes ele furioso do que eu. Alias, pensando bem... Não fui eu quem prometeu nada. Se ele não gostar, que desfaça essa palhaçada de casamento.

Aldel ponderou por um momento e...

- Faz sentido. - disse antes de pular da árvore para perto do amigo. - Pelo visto você já pensou em tudo.

O príncipe apenas sorriu maliciosamente e os dois se colocaram a caminhar.

- Devemos partir o mais cedo possível. Sei que meu pai já deve suspeitar de mim. Mas lembre-se! Isto não é uma fuga, é uma aventura!
- Pois bem, que seja. Em que se baseia esta nossa aventura?

...E lá estava novamente... Aquele olhar na cara deslavada de Iriahin.
Aldel não pode evitar gargalhar.

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