Yue Jaded - Domínio de Realidade

Ouvindo: Alter Bridge - Coming Home
Comendo: Nada...
Bebendo: Tomei o toddy, mas me fez mal.
Sentindo: Sono... Eu acho...

Era tarde da noite e Yue Jaded virava de um lado para o outro em sua cama sem conseguir dormir.
Fechava seus olhos por alguns minutos, respirava profundamente e então, dali a pouco, estava novamente a fitar a escuridão.
Seu estomago fervia da mesma maneira que, apesar de frequente, nunca se tornaria costumeira.
Por fim acabou se cansando. Chutou as cobertas para fora da cama, jogo o travesseiro contra a parede e decidiu se levantar.
Não sabia por que estava tão irritado, mas estava e isso bastava.
Abriu a porta deixando um forte e gelado vento soprar para dentro enquanto atravessava o umbral e pisava na grama molhada com os pés descalços.
Acima de sua cabeça infinitas estrelas reluziam enquanto a gigantesca lua despontava no horizonte. Seus olhos imediatamente se voltaram para o topo do monte como que atraídos sem qualquer razão.
Ali estava ele. Um dos muitos mestres que teria pelo caminho que escolheu percorrer.

- Mas que merda ele está fazendo ali? - disse consigo mesmo enquanto tirava o cabelo comprido da frente dos olhos e se colocava a caminhar.

No topo do monte ventava ainda mais e estava ainda mais frio. Seu mestre estava de pé, parado sobre uma pedra contemplando a lua. Sua roupa balançava como se a qualquer momento fosse ser arrancada.
Jaded não disse nada. Parou ao lado do mestre e voltou sua atenção para o grande satélite, inquieto.

- Está sem sono? - perguntou o mestre após algum tempo.
- Hmmm... - respondeu o garoto. Não se sentia disposto sequer a conversar.
- Parece nervoso. Aconteceu alguma coisa?
- Tudo... Nada... Não importa.
- Entendo.

O mestre finalmente desviou os olhos parar encarar a face carrancuda do aluno.

- Já que está acordado, quero te mostrar uma coisa.
- Alguma coisa idiota?
- Uma lição, Yue. Ou não quer aprender? Venha aqui.

Yue Jaded estreitou os olhos e virou-se lentamente para o mestre.

- Anda. Senão é melhor voltar pra sua cama.

O garoto adiantou-se dois passos e antes que pudesse reagir ou sequer pensar nisso, o mestre já havia lhe tocado com força na testa.
Foi apenas um toque com o dedo indicador, mas por um momento pareceu a Yue como se uma bigorna tivesse lhe acertado o crânio. Sua próxima reação foi se afastar e levar a mão a cabeça para checar se estava tudo bem, então quando deu por si o mestre havia sumido.

- Que brincadeira mais idiota... - murmurou o garoto. Mas no momento seguinte já estava saltando para o lado, desviando de um golpe que algum inimigo vindo sabe-se lá de onde havia desferido. - Que ótimo. Se queria lutar por que não disse logo?

Yue fez surgir sua espada, modelando-a de pura energia e se preparou para atacar.
Foi uma sequencia rápida. Golpeou, esquivou-se e no terceiro movimento sua espada estava atravessando o coração do adversário.

- Chupa essa manga! - disse, antes de levar um corte nas costas de um segundo adversário que surgia. - Filho da... Eu vou gostar muito disso!

Levantou-se... E voltou a atacar...

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O sol despontou no horizonte e os alunos começaram a despertar.
Moviam-se de um lado para o outro. Alguns fazendo exercícios matinais, outros em busca do desjejum...
Climailin não estava fazendo nenhuma coisa nem outra. Dirigia-se penosamente para o topo do monte, dolorido do treino do dia anterior.
Ao chegar no topo encontrou o mestre, parado, de braços cruzados olhando para Yue.
O garoto movia-se ofegante de um lado para o outro, movendo os braços... Gritando... Apunhalando o espaço vazio com sua espada.

- Há quanto tempo vocês estão treinando? Não dormiram? - perguntou Climailin ao mestre
- Não é treino... - respondeu o mestre. Tanto sua voz quanto sua face pareciam profundamente perturbadas. - Era pra ser uma simples lição.
- Lição?
- A lição do domínio de realidade...
- O que?! Do domínio de realidade? - Climailin conhecia aquela lição melhor do que ninguém. Quando havia sido submetido a experiencia, seu mestre o havia jogado em um lugar terrivelmente tenebroso. Foi cruel, sanguinário e doloroso. Exatamente como tinha que ser. A ideia era simples! Um adversário mais forte poderia simplesmente submeter um mais fraco a uma realidade alternativa, como uma hipnose, forçando a enfrentar as mais diferentes sensações. - Então Yue está sendo dominado?
- Sua realidade? Sim... Sua realidade está sendo dominada. Mas ele?

O mestre balançou a cabeça em negação.

- Ele ainda não se deu conta de que sua realidade está sendo dominada. Passou a noite lutando... Matando... Sangrando tantos quantos adversários surgiram em sua mente. Quanto pior fica... Pior ele fica. Ele nem mesmo parece ligar. Não parece se importar com o por que de estar lutando. Ele mata um... Outro... E mesmo quando ferido, se levanta... E levanta... E levanta.
Eu achei que ele iria perceber da primeira vez que foi ferido mortalmente. Mas a unica coisa que ele percebeu é que já que não estava morto, poderia continuar a lutar.

Climailin estava tentando digerir o significado daquelas palavras. Como aluno, ainda não conseguia compreender o que o mestre estava querendo dizer.

- Mas e os monstros? Ele não esta vendo monstros? Ele não tem medo?
- Ele está sobre uma pilha de corpos. Matando e rindo. Monstros, você diz? Se existe algum monstro ali... Então esse tal monstro só pode ser ele.

O mestre deu as costas a cena e começou a se afastar.

- Explique pra ele sobre o Domínio de Realidade quando ele despertar. - disse o mestre para Climailin. - Ele provavelmente não vai aguentar por muito mais tempo.

...Mas passaram-se 3 dias e 3 noites inteiras até que finalmente o mestre cancelasse o efeito do domínio... E por nenhum momento Yue parou de lutar.